Fechando os olhos, afasto-me do meu quarto. Levemente flutuo em direcção a ventos desconhecidos sem medos nem receios, apenas com a serenidade que a noite me traz.
Passando por vales e montanhas cobertas de neve branca, portadora de uma paz sem igual.
Dá-me a tua mão, vem comigo…
Passo a passo entre praias desertas, que mesmo vazias a olho nu, estão cheias de almas sonhadoras nesta noite calma.
Não tenhas medo de morrer, não tenhas medo de partir cedo. Depois de morto não há remorsos…
Meu anjo, dá-me a tua mão…
Vai-me contando quantos deles foram fracos, quantos deles desistiram. Conta-me como foi a vida daqueles que enchem a praia deambulando de cabeça baixa nas noites mais calmas de pura nostalgia.
Fala-me do futuro, conta-me aquilo que sabes. O que vai ser dos heróis de hoje, quem se vai lembrar dos ídolos de outrora e quem vão ser os rostos de amanhã?
Quem sofrerá por ter partido, desejando a minha presença?
Suspira-me tudo o que sabes…
Indica-me os caminhos que tenho de seguir para encontrar aquilo que todas as noites procuro, aquilo que todas as noites me faz fechar os olhos e flutuar neste mundo.
Obrigas-me a procurar por mim e será difícil para mim encontrar uma coisa que não sei onde está. Mas não me canso até porque eu gosto de voar…
Regresso a casa, para logo depois sair, mas desta vez de dia, e durante o dia todos vivem mas poucos sonham.
Encontro-te esta noite de novo.
Anda cá meu anjo, dá-me a tua mão.